Nonato Menezes
Está na moda. Soa bem. Alimenta intensões e tem sido defendida como a novidade capaz de salvar almas e acalentar corpos. Incluir se fez tão necessário que ninguém ousa sombrear seu foco. É como se agora, de fato, “o sol brilhará para todos”.
Incluir significa juntar. Pode abarcar partes distintas e fenômenos semelhantes. Posso juntar pedras de tamanhos diferentes, como posso incluir pessoas de cores, credos e níveis socioeconômicos distintos. Não posso é afirmar que o processo inclusivo em discussão seja exatamente isto, ou apenas isto. Que seja apenas juntar diferentes ou incluir alguém entre outros.
Agregados à ideia de Inclusão, encontramos vários conceitos que ajudam na formulação teórica do processo que hoje podemos cotejar nos mais diversos ambientes socioeducativos, sobretudo, na escola formal. Mesmo com ressalvas às dessemelhanças de alguns significados, a presença em textos e discursos proferidos destes termos são constantes e enfatizados.
Tão marcante é a presença dos termos pertencimento, acessibilidade, alteridade, solidariedade, garantia de direitos e integrar que não há como desconhecer a estrutura de poder por eles engendrada. Então, como começo, meio e fim desse processo, são estes termos que dão ritmo, definem valores e organizam o método político. Negá-lo, nesta circunstância, é abstrair-se do contexto e não perceber o óbvio.
Não fosse a incompletude de tudo no mundo, diríamos que este discurso é perfeito, que a terminologia é a única e mais adequada possível e que não paira nenhuma dúvida quanto essa verdade.
Mas, se não há erros nessa ação, nem excessos, podemos arguir sobre o que falta. Falta afeto no vocabulário da Inclusão. Não falta apenas o vocábulo, falta intensão e desejo de defendê-lo como parte do método para incluir. É o afeto que desarma os espíritos, que eleva a estima, que humaniza. É o afeto que alegra a vida, que dá segurança, sobretudo a quem estar e se sente fora, excluído, preterido.
Ter acesso não é suficiente para se sentir incluído. Ter direitos assegurados, por si só, não garante legitimidade ao bem estar interior. Aceitar alteridade, esta palavra sofisticada, para reconhecer o outro, o distinto não garante plenitude ao processo inclusivo. Portanto, incluir e ou integrar, tratando-se de pessoas, deveria ser muito mais que juntar as peças, abrigar o outro, aproximar os corpos. A inclusão deveria ligar os corpos, com palavras e gestos de afeto. Se a razão arruma, organiza, é o afeto que aproxima, liga, encanta.
Assim, mais que a razão, neste caso, o afeto é primordial para os “diferentes” conviverem, se respeitarem e se amarem. A inclusão sem afeto é processo com motivos e com razão, mas sem alegria, sem encanto e sem harmonia. Viver com razão é TER DIREITO DE. Viver com afeto é FRUIR DO DIREITO COM.