PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

UM POEMA IMORTAL 

(By Me)

Não quero um poema vazio,
 plastificado, embalado para viagem
Quero um poema vivo, parido,
Após longa gestação

Não quero um poema alheio, esquálido,
Despido de sentimento
Quero um poema instigante,
 Inquietante, arrebatador

Não quero um poema mudo, indolente
Mas sim, melodia envolvente
 Como os acordes de um violino
Para ser ouvido nos recônditos da alma

Quero um poema sem razão,
Sem nada de concreto
Tecido em sutilezas
Pintado como uma tela de Monet

Quero um poema imprevisível, alado
Cujos versos nos façam flutuar
Para além dos horizontes
Um poema aventureiro

Quero um poema revelador
Despido nas entrelinhas
Um poema que fique gravado
Para  além das retinas

Quero um poema inteiro
Um poema de verdade
Que floresça sereno
No jardim da eternidade

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