PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Como não pensar...

Pensar em você by Daniela Mercury on Grooveshark
 


Como não pensar...

Como não pensar em ti,
se em meus devaneios fizeste morada,
caminhas nas vias de meu desassossego...
Sinto tuas dores, saboreio teu riso,
derramo teu pranto.
Amanheces em mim com os raios da aurora,
luz que irradia como anunciação.
Em mim já não há distâncias...
Não estás longe nem perto,
está dentro.
No compasso de meus passos,
sigo a rota de teu laço,
findo sempre em teu abraço...
Assim, no entremeio de todas as horas,
meu existir se confunde com o teu.
Quando a lua atravessa o ocaso e
o breu apaga o dia, a saudade acende
tua presença em mim.
Como não pensar...

domingo, 21 de julho de 2013

Sentimento Desdenhado



Leo Sayer by When I Need You on Grooveshark

  

SENTIMENTO DESDENHADO

Padece o sentimento desdenhado
Preso nas garras da indiferença
Seu grito ecoa num apelo febril
Afogando-se no mar da descrença

Um vento gelado atrevessa o vazio
Assobiando um lúgubre presságio
De repente, o que havia esvaiu-se
Feito fumaça de um cigarro amarrotado

A dor que sangra o peito moribundo
Mistura-se ao sal da lágrima contumaz
Que um dia iludida, atreveu-se a pensar
Em não rolar de tristeza nunca mais.
 


sexta-feira, 19 de julho de 2013

A espera


A ESPERA

Esperar é uma arte...
Exige serenidade e paciência.
Mas a espera deve debruçar-se na janela
da sabedoria.
Há que se estar atento ao tempo...
Quando a espera torna-se demasiadamente longa,
perde o sentido de ser.
Enquanto se espera infinitamente pelas incertezas,
deixa-se de perceber outras chegadas...
A vida passa ao léu diante dos olhos,
inertes.
Os traços ficam puídos, os sonhos desbotados
 e as lembranças amarrotadas na memória...
Então se descobre, com amargura
que quem passou foi aquele que
inutilmente esperou.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Atalhos



ATALHOS

Velhos caminhos levam a lugar nenhum
Paisagens desbotadas permeiam o cansaço
Nada a vislumbrar para além das retinas
As linhas da incerteza reduzem o espaço

Horas se arrastam na morosidade do tempo
No colo da inércia a vida perde a razão
Na ciranda cruel das ilusões subtraídas
Os pés tropeçam, sucumbem sem chão

Traído pela sofreguidão de amar
O ser despedaça-se em frangalhos
Recolhido nas tocas como bicho acuado
Perde-se entre trilhas que margeiam os atalhos.