PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Chove lá fora

CHOVE LÁ FORA

Ao despertar na janela
Vejo o dia amanhecer sem cor...
Chove lá fora.
Chuva miúda, chuva graúda
Encharca o cinza borrado
Invade o olhar ensimesmado
Tragado por sua pletora...
Na rua não há burburinho
Passarinho hiberna no ninho
Embalado pelo canto das águas.
Um vento balança a folhagem
Espalha no ar a friagem
Paisagem outonal...
O barulho na vidraça
Acorda os sonhos de ontem
Preguiça pede passagem.
Cá dentro exala na sala
Aroma de café e aconchego
Desperta a alma arredia...
Inspiração ensaia um sorriso
Com o peito agora aquecido
Rabisca pra chuva uma
Poesia.





Um comentário:

  1. Outono inspira aconchego.
    Quando a chuva cai há no ar um querer abrasador.
    E um vento sopra vindo deste mar em forma de canção.
    Abraços

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