SEM PALAVRAS
Quisera encontrar palavras
tortas
para traduzir ao certo o que
sinto
Mas fogem-me os verbetes
Atrevo-me nos versos
quase soltos, quem sabe loucos
Angustiada, insisto...
de teimosia me visto
Tão amuada fico,
mas não desisto
Perdida nas linhas eu brinco
Invento rabiscos que
molham o papel como chuvisco
Nesse vai e vem, rodopio
Arrisco notas em assobio
Melodias etéreas
Abraço o sol,
danço em torno da lua
risco estrelas,
nas calçadas da rua
Numa esquina qualquer
solto sorrisos ao vento
deito lágrimas ao lenço
Já não quero argumento
e por fim me convenço
O sentimento liquefeito
escorre pelos poros e
nos olhos já revela
o que explode lá no peito.
Consegui captar o estado de espírito da poetiza, um misto de apatia e angustia rebatida por uma ironia interior... Não sei... Assim me parece... Só não entendi por que estaria a poetiza em busca de palavras tortas quando todos procuram as certas para descrever cada sentimento, cada ocasião... Estaria ela, com "palavras tortas" a querer mascarar os sentimentos reais? Não sei... Mera especulação... A beleza poética, no entanto, é imanente...
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