PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Nudez



NUDEZ

Dispo-me com desvelo,
ofereço-me nua em pelo...
Aquecido no aconchego,
o corpo sucumbe ao apelo,
cede ao desejo sem pejo.
Refém da paixão que impele,
com as reservas em desmantelo,
cubro a nudez com a languidez
de tua pele...





quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

(In) Justa troca



(In) Justa Troca

Tu me deste um anel, recebeste um coração.
Teu anel, de aço inoxidável, banhado de promessas.
Meu coração, tecido de amor, era A promessa...
Inexorável.
Teu anel reluzia.
Meu coração pulsava.
Mas teu anel era apenas um adorno e dele te esqueceste...
Afundadas nos caprichos de teu desamor, 

oxidaram-se as promessas.
Hoje ainda trago no dedo, teu anel...
Um aro frio, vazio de verdades.
Entre tuas bugigangas, meu coração se perdeu.
Tu nem se deste ao trabalho de devolver.
Jaz abandonado na posta restante de um correio
qualquer...

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Um amor perdido



UM AMOR PERDIDO



Um amor perdido é vida que estanca,

sem rumo,

coração que perde o prumo,

dor que chega em aluvião...

Sem nexo e sem sentido,

o mundo ao meio, partido,

o sonho agora esvaído,

nas águas da solidão.

sábado, 3 de janeiro de 2015

Saudade orvalhada






SAUDADE ORVALHADA



Na menina dos olhos reluz um brilho molhado

Em gotas que deslizam como cristal orvalhado

Banhando as pétalas da face em flor



São lágrimas etéreas derramando saudade

Que brotam do peito com suavidade

Evocam lembranças de um grande amor



              Reminiscências daquilo que a alma guardou

                  Sentimento indelével que o tempo não apagou.