PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

sábado, 26 de setembro de 2015

Beijo em verso

BEIJO EM VERSO

Tragada pelo céu de tua boca
Espraia-se a língua no universo
Afogado no mar da paixão louca
O beijo ressuscita em um verso

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Estação mulher

ESTAÇÃO MULHER

Musa de tantos encantos
Vestida de cor e magia
Entoa no peito um acalanto
       Sopra ventos de poesia       

Vive cercada de flores
Deixa no ar seu perfume
Faz florescer os amores
Muita paixão e ciúme

Bela diva dos poetas
Seja mundano ou asceta
Sempre exala inspiração

Rosa, orquídea ou malmequer
No equinócio da estação
A primavera é uma mulher

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Um punhado de versos

UM PUNHADO DE VERSOS

Num punhado de versos cabem silêncios
Gritos agudos, soluços contidos
Segredos escabrosos de confissão

Cabe o sopro, o nada, um apelo indizível
Um vórtice, espasmo, um sustenido
A rima incoerente, uma canção

Uma palavra, um mote, um fonema
Ecos de vida na partitura d´um poema

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Fora do eixo

FORA DO EIXO
Essa nudez disfarçada
Revela as curvas d´um relevo divinal...
Numa ânsia desgovernada,
Desejos afoitos derrapam sem freio,
Perco o juízo na contramão...
Cego de paixão nessa estrada,
Em completo desnorteio,
Sucumbe fora do eixo,
O pejo do corpo pagão