PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Borboletear



BORBOLETEAR

De hoje em diante
vou mudar o compasso
de meu caminhar.
Sem ranço de mágoas,
desisto de tudo o que pesa...
Lembranças nefastas,
esperas inúteis,
sonhos que não vale a pena
sonhar...
Nos pés da leveza,
insuflada  de vida,
aprendi a voar.

               Não nasci pra ser lagarta...
               Quero mesmo é borboletear.

domingo, 28 de setembro de 2014

Pavio do desejo



Pavio do desejo

Gosto que me enrosco,
de teu beijo em meu pescoço...
É aquele alvoroço,
disfarçado em arrepio
que acende o pavio,
alastrando o calor,
nessas noites de frio.

O abraço




O Abraço
 

Quanta coisa cabe num Abraço
uma poesia,  uma oração...
Um pedido de desculpas,
uma declaração.
No aconchego de um abraço,
mora o afago que acalenta,
a força que sustenta a dor.
O abraço é a fala do corpo
ditada pelo coração...
Um gesto de amor,
sorriso de gratidão.
No silêncio do Abraço,
as almas se reconhecem,
as mágoas desaparecem,
afrouxam - se os nós...
Como o sopro de um milagre,
estreitam-se enfim, os laços...

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Prelúdio



PRELÚDIO

... o desejo sopra um beijo
sobre a nudez das pétalas...
                                (carícia)
    Lábios desabrocham.
Um filete de mel escorre
por entre a fenda da corola...
                          (precipitação)
Espalha-se no ar o
cio da flor...
                  Prenúncio de prazer.