PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Nas asas dos teus lábios



NAS ASAS DOS TEUS LÁBIOS
   (Um poema para Beth Lucchesi)

Nas asas dos teus lábios,
o vento deitou canções
sincopadas
como beijos,
quebrando o fio
Do silêncio
em ritmados
assovios.

Perfume de afeto,
em seus olhos
farejo...
Meu coração
sem fronteiras,
é um retalho de viola,
fuxico  de agulhas ligeiras,
rendilhado de amor proibido.

Luz do desejo cintila,
refletindo nossa paixão...
Vaga no ar,
o aroma de relva
e de estrelas,
buquê de fino vinho
que o amor destila...

Nosso destino,
um porto,
ou qualquer
precipício...


José Carlos de Souza

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