PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Feitura de um poema

FEITURA DE UM POEMA

Gotejam subtilmente das retinas
Cálidas partículas de inspiração
Cintilam no lusco-fusco silencioso

Metáforas desfolhadas ganham viço
Numa feitura aleatória de versos
Que azulejam o caiado papel


                Enquanto no horizonte esvai-se o dia
                      Sopram na sacada ventos de poesia

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Rapsódia d´um outono

RAPSÓDIA D´UM OUTONO

Tropeço na realidade,
Que me atira na cara a verdade...
Quase sorrio de minha estupidez.
Jaz perdida a batalha,
Envolta em puída mortalha,
Luta inglória da insensatez.
Sem mais nada a perder,
Grito até romper,
Os tímpanos desse silêncio
Estanque...
Desfio um rosário de dores,
Rogo praga nos amores,
Amaldiçoo esse sonho
Pagão.
Já é outono e o inverno
Não tarda...
Em breve o frio congela,
Melancólica a alma hiberna,
Penitência sem perdão.
Dobro os joelhos ralados,
Recolho os cacos espalhados,
Entre as folhas caídas,
No chão.

Sobrevoos

SOBREVOO

Sinto que te aconchegas em
Sobrevoos...
Quando bicas meus versos,
Espalham-se rimas com aroma
De Alfazema...
Nesse instante,
Orvalhado pelo doce mel
Do prazer,
Abre-se em flor meu poema.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Sinais do Outono

SINAIS DO OUTONO

São tantas folhas voantes
Esparramadas ao chão...
Já é longínquo o verão

Entre o vermelho e laranja
Caem das copas oblíquas
O amarelo em forma de franja   

Nessas horas sem ponteiro
O vento sopra poesia...
Outono, o senhor dos dias

Crepúsculo de Outono

CREPÚSCULO DE OUTONO

[...] Insinua-se o ocaso...
O dia desmaia no horizonte
Um vento fresco deita folhas ao chão
A saudade debruçada na janela
Sopra o outono no coração