PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Vento devasso

VENTO DEVASSO

Ah quem dera esse vento
Te trouxesse em pensamento
Pra levantar meu vestido...
Enquanto espero ansiosa
Tua presença em ventania
Deixar minhas pernas de fora
Faço minhas as tuas mãos...
Enrosco, levanto o tecido
Num arrepio esqueço o juízo
Em segredo solto um gemido.

Eterno vagar

ETERNO VAGAR

Eu estou sempre por aqui
A pelejar...
Cabeça longe
Singrando nuvens
Olhos presos no papel
Aguardo os ventos da inspiração
Nesse eterno vagar...
Voo no solfejo da brisa ou
No ímpeto da ventania
Muitas vezes silencio...
É o bafo quente da calmaria

sábado, 25 de julho de 2015

Poema Calado

POEMA CALADO

O poema que não escrevi
Guardo no peito a sete chaves
Não sei se por zelo ou covardia

Versos dobrados com esmero
Desbotam nas gavetas da alma
Silenciam a voz da inspiração

Um poema que padece na agonia
Sucumbe quando chora o coração

terça-feira, 21 de julho de 2015

Clamor

CLAMOR

Sinto-me à deriva num mar de desejos
sem os ventos de suas chegadas,
que agitam minhas águas e
navegam pelos sentidos.
Afogo-me sempre em cada gozo 
que derramo entre os dedos
 quando tudo em mim clama
por ti.

Amor verdadeiro

AMOR VERDADEIRO

Duas vidas quando se cruzam
Dentro do tempo e do espaço
Rompem-se os nós
Bordam-se os laços

Nas janelas do coração
Sopra um vento alvissareiro
As almas se reconhecem
No olhar de um amor verdadeiro

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Apelo

APELO

Quando suas palavras
encostam-se em mim
massageando os desejos,
sinto o corpo delirar...

No silêncio dos  sentidos
ouço os gemidos dos
nossos ais...
Na boca o sabor do sexo,
no ar os eflúvios de cio

Vem, abrevia essa espera...
Me beija,  me aperta,
me enrosca, 
se abriga em meus lábios

Transpira, inspira,
me invade...
Vamos gozar

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Contemplativa

CONTEMPLATIVA

“Da janela lateral
Do quarto de dormir”
Não avisto o horizonte
Só um canto do jardim
Aqui em minha janela
Esqueço o ponteiro do tempo
Seco os cabelos ao vento
Ao natural, posso ser bela
Nessa pacata manhã
Meu olhar de contemplação
Espia o sol beijar a roseira
Lamber o fruto da romã

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Julius

JULIUS

Julho bate à porta alardeando frio
Deixa pra trás metade do caminho
Sonhos e planos realizados, ou não...

Da janela se avista um horizonte nublado
Dias curtos festejam a timidez do sol
Noites austrais alongam a espera


Julho traz o fogo e o poder de Leão
Marco do tempo e da continuação