PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Oblíquo



OBLÍQUO

Ao longe cai a tarde...
O dia se despede morno
No sol que morre, enviesado

Inverno que apaga a lua
Sonhos desertam, em revoada
Melancólica alma exilada

Entre a bruma que veste o amanhã
Risco um verso no sentimento

terça-feira, 19 de julho de 2016

Expir (ação)



EXPIR(AÇÃO)

Na placidez do silêncio
Inspiro a palavra
Absorvo em recolhimento

Reflete-se a essência no olhar
Expiro a palavra
Transcrita em sentimento

Meus versos são asas e pontes
Que conduzem a alma ao infinito

terça-feira, 12 de julho de 2016

Renda de desejos



RENDA DE DESEJOS

Hoje serei tua prenda...
Sob minha saia de renda
Trago desejo em oferenda
Vem...
Deixa que eu te surpreenda
Desvenda os mistérios da senda
Faz de mim tua vivenda...
Então vem, se renda!
Que o tom da paixão esplenda
Pelos labirintos da fenda...

Num prazer sem reprimenda
Risca versos sem legenda
Que amanhã seremos lenda

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Lucidez



LUCIDEZ

Um dia você percebe que deixou de querer,
que já não faz mais questão.
Então você entende que o querer,
se causa dor e angústia,
é na verdade uma prisão.
Finalmente, com a alma refeita,
nas asas da leveza,
alça o voo da libertação.