PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

sábado, 31 de outubro de 2015

Desejos em versos

DESEJOS EM VERSOS

Teus versos têm a cor do desejo
Afloram a libido num lampejo
Espraiam-se na pele em arrepio

Cada rima traz no bojo uma vontade
Intenções que se banham na umidade
Borrifam no corpo um aroma de cio

Instintos aflorados entre os hiatos
Em anseios que precedem o contato
Nos espasmos o prenúncio do prazer

Quando enfim um orvalho viscoso
Precipita-se entre as coxas estremecidas
Toda razão já se fez esquecida

A inspiração lambuza-se em um poema
Com o gozo que escorre pela pena

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Flor (ação)

FLOR (AÇÃO)

Fenece a dor,
Vida em floração...

Paixão desabrocha
Floresce a emoção
O sorriso floresce
Alma em comunhão

Flora floresce
Primavera amanhece
No peito sonhador
Lágrimas florescem
Marejam as retinas
Orvalho viçoso
Aroma de flor

Fenece a dor,
Esvai-se a amargura...
Num sopro de ternura
Floresce o amor

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

A ilusão da poesia

A ILUSÃO DA POESIA
Minha poesia é uma janela de frente pro mar...
Os versos saltam o parapeito
Brincam na areia, beijam sereia,
Fazem cantiga com o marulhar
Minha poesia é uma janela ventilada...
No sopro da inspiração, versos criam asas
Sobrevoam madrugadas, despertam a passarada,
Vestem-se com as cores do arrebol
Minha poesia é uma janela sem grades...
Os versos inventam amores, exorcizam as dores
Fazem rimas de felicidade
Minha poesia é uma janela de ilusões...
Sorrisos em versos são catarse
Banhados de lágrimas e sangue
Escoam pela sacada pra esquecer
a realidade  

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Um poema amanhece

UM POEMA AMANHECE...

Numa cama de flores
Amanhece um poema vivo
Talhado com as rimas dos
Beijos de ontem...
Um poema de versos sedosos,
Esparramados sobre a maciez
Dos lençóis de cetim...
Numa cama de flores
Amanhece um poema encarnado
Marcado com os vestígios da
Paixão de ontem...
Um poema desnudo,
De rubras metáforas,
Encharcadas pelos fluidos
Dos amantes...
Numa cama de flores
Amanhece um poema singular
Inspirado pelas promessas de ontem...
Um poema perfumado com
Gotas de lirismo, encantador
Escrito com a tinta indelével
Do amor... 

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Oferenda

OFERENDA
... e assim, no próximo ato  
ofereço-me sem recato
Cai de joelhos e esquece
tudo o que aqui dentro
não cabe...
Pensa em Baco e
sorve meu licor
Quebra esse jejum
Entrega-te ao pecado
Festeja sem pudor...
Nesse banquete profano
hoje sou o teu regalo

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

A linguagem das flores

A LINGUAGEM DAS FLORES

Quem disse que as rosas não falam
Certamente não entende
A língua do coração...
As flores quando sorriem
Exalam em seu perfume
Palavras coloridas de emoção

Pergunte ao bom jardineiro
Que passa horas no canteiro
Quanto sonho já segredou
No ouvido apurado da flor...

Ele há de confessar
Que não há outra criatura
Que o ouviu com tanta doçura
E no silêncio acalentou
Sua alma com amor e ternura

Aquele que oferece uma flor
Não precisa de palavras
Pra justificar o presente...
No pergaminho das pétalas
Vai grafado sutilmente
Tudo aquilo que se sente

Flores são poemas...
Não basta ter olhos e ouvidos
Pra escutar
Há que se ter a alma despida
Uma loucura escondida
A coragem para amar...