PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

sábado, 22 de novembro de 2014

Chora viola



CHORA VIOLA...

Chora viola, chora
Pro seu canto não tem hora...
Deixa ecoar seu lamento,
Suas notas voarem nas
Asas do vento...
Chora que os acordes de
Seu pranto,
Fazem dedilhar nas almas o
Encanto...
Chora pra aliviar a saudade,
Porque a dor não tem idade
nem tempo pra durar.
Chora viola querida,
Companheira nessa vida,
Tanta história pra cantar...
Chora que seu canto acalma,
No seio da madrugada,
Deixa a lua enamorada.
Chora viola, chora,
Chama o povo da cidade,
Canta moda de felicidade,
Manda essa tristeza embora.

Sob a luz da impermanência



SOB A LUZ DA IMPERMANÊNCIA

A impermanência é a realidade inexorável,
que assombra e inquieta...
Navalha afiada, sangra na carne as ilusões,
ao constatarmos que nada dura para sempre.
Sonhos fugazes, felicidade efêmera.
Em reverso, a esperança reluz como bálsamo:
Tudo o que nos aflige, a dor que dilacera e atormenta,
também tem seu tempo de duração.
Nessa transitoriedade sustentada em terreno fofo,
ergue-se a vida.
A nós, cabe vivê-la intensamente,
aqui e agora, em toda sua essência.
Sentir, amar e desfrutar até a última gota.
(“ como se não houvesse amanhã...”)
Mergulhar nesse rio e deixar-se envolver
pelo movimento das suas águas...
É certo que o rio continuará fluindo
mas as águas já não serão as mesmas.
O banho então terá outro sabor e
outra finalidade.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Amorfo



AMORFO
Entre as páginas
amareladas
de um  livro gasto,
poemas e pétalas
jazem esquecidos,
murchos e sem perfume...
Corroídas pelas traças
do tempo,
lembranças  empoeiradas
esfarelam-se no ar...
Vestígios desbotados
daquilo  que um dia
 se disse Amor.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Nas asas do vento


NAS ASAS DO VENTO

Seguir a rota dos ventos,
deixar-se embalar pelo acaso
do tempo...
O vento refresca, acalenta,
traz no sopro cantigas do mar.
Melodia que afaga,
embala a alma,
faz sonhar.
O vento é poesia...
Poema em brisa fresca,
prosa de ventania.
Quando perdi de vista
teus passos,
vi-me fora do compasso,
mergulhei num vendaval.
Desencontrados caminhos,
coração em desatino,
às asas do vento menino,
entreguei o meu destino.