PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Coração folião



CORAÇÃO FOLIÃO



Mais um carnaval bate à porta,

tocando bumbo e cuíca.

Meu coração vadio dança todo prosa...

Pinta os lábios, afina a bateria,

Veste-se de Pierrot  e cai na folia,

sem medo.

Nem se lembra das cinzas passadas,

quando seu amor destruído,

virou samba enredo.





segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Reviravolta


REVIRAVOLTA

Ainda lembro do último carnaval...
Rasgou meus sentimentos como se fossem serpentinas,
espalhando meus sonhos como confetes pelo chão.
Abandonou-me no salão, destruiu meu camarim,
fez chorar minha bateria, deixou surdo o tamborim.
Na ressaca de cinzas, embriagada de amargura,
afundei-me na desilusão.
Aliada do tempo, sacudi a poeira e voltei pra folia...
Catei os retalhos e refiz minha fantasia.
Meu amor desfilou em outra passarela,
belo e sorridente, nota dez em harmonia.
Troquei o bloco da saudade,
vi minha escola ganhar na apoteose da felicidade.
Sentada de camarote, lamentei ao lhe ver passar...
Parada no grupo de acesso, sua vida desandou.
Sem brilho e alegorias, pecou na evolução.
Seu samba desafinou, na ala da solidão.






quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Já fui tarde



JÁ FUI TARDE

Sobre a ponte de sua indecisão
tracei minhas pegadas...
Abandonei a solidão.

Com passos acelerados,
tropecei em duras pedras...
Peito e pés, maltratados.

Cansada de suas metades,
cruzei sem medos,
os portais da liberdade.

Alada de amor próprio,
esvaziei-me de você...

Sem motivos pra saudade,
voei sem olhar pra trás,
certa de que já fui tarde.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

(In) Justa Troca



 (In) Justa Troca


Tu me deste um anel, recebeste um coração.
Teu anel, de aço inoxidável, revestido de promessas.
Meu coração, tecido de amor, era A promessa...
Inexorável.
Teu anel reluzia.
Meu coração pulsava.
Mas teu anel era apenas um adorno e dele te esqueceste...
Afundadas nos caprichos de teu desamor, oxidaram-se as promessas.
Hoje ainda trago no dedo, teu anel.
Um aro frio, vazio de verdades.
Entre tuas bugigangas, meu coração se perdeu.
Tu nem se deste ao trabalho de devolver.
Jaz abandonado na posta restante de um correio
qualquer...