PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

sábado, 31 de maio de 2014

AUTÜMUM



AUTÜMUM
São dias de outono...
A alma se reveste de melancolia,
folhas esparramadas ao chão,
espalham suspiros de nostalgia.
Tempo de transformação.
Sonhos pedalam entre as sendas
dos bosques espirituais,
buscam refúgio no sossego.
Outono é tempo de colheita...
Nuvens esparsas se formam no peito,
brotam lágrimas amenas,
aguando o solo para renovação.
Às portas do solstício,
Um vento frio soprará
pelos parapeitos...
Hibernação.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Frisson




FRISSON

Os versos exibiam-se assim,
lascivos...
Lamberam sua timidez.
Metáforas sedutoras,
esfregaram-se em seu corpo,
vencendo as defesas.
Como afagos libidinosos,
palavras quentes queimaram-lhe
a carne trêmula...
Num frisson apoteótico,
uma última rima
invadiu seus meios e
arrematou-lhe um gozo
na estrofe final.

domingo, 25 de maio de 2014

Afagos de Poesia



AFAGOS DE POESIA

Ali, num pedaço esquecido do mundo,
tão azul à beira mar,
corri os olhos pelas falésias da alma,
esculpidas pela erosão de emoções...
Juntei pedacinhos de sonhos
esquecidos,
punhados de fantasias...
Ali, nos montes de areia branquinha,
depositei versos virados pro sol,
com cheiro de maresia.
Ali, como um sopro de Netuno,
distrai a solidão com
afagos de poesia.

sábado, 24 de maio de 2014

Amor Barato



AMOR BARATO

Amor, moeda de troca,
no mercado do prazer...
Essência que se perdeu
entre as valas de corpos
famintos,
esvaiu-se por entre as dobras
dos lençóis amassados
que forram alcovas
improvisadas...
A melodia dedilhada no silêncio
pelos afagos do olhar,
arranhou-se pelo ruído de gemidos
lascivos entoados nas cordas da
luxúria.
Seu aroma antes tão doce,
avinagrou-se...
Derrama-se em encontros fugazes,
Onde exala misturado ao
odor acre do cio...