PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

O LAR DO POETA
(By Me)

  Quem tem a poesia para te acompanhar
Não vive sozinho, perdido ou exilado
Nos versos o poeta terá sempre um lar

Os versos são ouvintes de confissão
Só eles conhecem a alma do artista
Fiéis companheiros dentro da solidão

 
Com os versos o poeta caminha sem medos
 
São guardiões eternos de teu coração  




sábado, 28 de abril de 2012

VERSO TORTO

(By Me)


Nessas mal traçadas linhas
Escrevi um verso torto
Sem rima e sem sentido
Um verso quase morto
Um verso, reverso
Um verso invertido
Escrevi no reflexo
Complexo, sem nexo
Um verso sem tom
 Sem furor, desbotado
Um verso carente
Quase incoerente
Curtinho o coitado
Também maltratado
Todo amarrotado
Sem inspiração
Brotou sem querer
Fugaz e chorão
No papel foi morrer

quarta-feira, 25 de abril de 2012

AS DORES NOSSAS DE CADA DIA
(By Me)

"O fato de as dores se revezarem torna a vida suportável."
Christian Hebbel


Escrever sobre as dores certamente não é lá algo muito criativo, admito.
Quem se atreve a enveredar nessas dores, provavelmente está doído ou no mínimo, convalescendo. Pois, alguém saudavelmente feliz, não haverá de se lembrar das benditas dores. Sendo assim, falemos.
Shakespeare já dizia que todo mundo é capaz de suportar uma dor, menos quem a sente; fato. Decididamente nós, pobres mortais, não fomos feitos para sentir dor. Taí uma coisa que faz mal, que incomoda e desequilibra. Sentir dor, definitivamente é algo além de nossas tolerâncias. Falo por mim: não sei lidar com a maldita dor. Fico completamente desajustada quando elas resolvem me infernizar.
As dores físicas são um martírio; algumas doem tanto que pedimos para morrer. Graças a Deus, com o avanço cada dia mais eficaz da ciência, a medicina tem feito milagres com relação à produção de drogas que curam e aliviam as dores. Para nossa alegria e tranqüilidade.
Porém meus amigos, existe um outro tipo de dor que com o perdão da palavra, derruba qualquer cristão: são as dores da alma.
Para essas, não há ungüento, quebranto, magia ou alquimia que resolva. Doem, mas doem tanto que não pedimos a morte, já nos sentimos mortos de fato.  Ai, não tem jeito: o forte vira covarde, o vaidoso perde o rebolado, o durão vira menino. Nesse momento, somos todos farinha do mesmo saco.
Dor é dor, aqui, em Paris ou na Cochinchina; e não existe isso de dor maior ou dor menor: dor é dor e pronto. A dor não tem idade, sexo, etnia, nem condição social. É dor para rico e para pobre. E não adianta tentar se prevenir, porque a danada chega sem mandar aviso ou comunicado; chega, se instala, se esparrama e nem Deus sabe até quando ficará. A fulana é voluntariosa: só vai embora quando quer e também não se despede. Por isso, de nada vale tentar abreviá-la ou prolongá-la.
A dor não vem com bula anexa: cada qual sente à sua maneira; cada um tem seu jeito de lidar com ela. E para cada um, existem efeitos colaterais diferentes. Por isso, não existem fórmulas certas, receitas, conselhos ou similares.
A dor é tão subjetiva quanto a natureza humana; em cada um ela age de forma diferente. Assim como cada um sente e reage de forma muito peculiar.  Uns preferem se isolar e chorar suas dores em reclusão; já outros, apelam para a companhia e consolo de outrem. Por isso, não adianta os palpiteiros de plantão tentarem encontrar soluções ou maneiras de encarar e conviver para as dores alheias. 
Dizem que a dor humaniza, mas isso não é regra. Há pessoas que endurecem muito com o passar do tempo, pelas dores sofridas; algumas esquecem tão rápido que nem parece que foi dor. Há ainda aquelas que levam uma vida inteira para esquecer.
Penso que o ideal é deixar que doam até se esgotarem; e choremos, porque as lágrimas aliviam e lavam a alma, além de lubrificar os olhos.
Dor não dura para sempre; chega um dia em que acordamos e percebemos que já não dói tanto assim. Sentimos ainda aquela pontinha de nada, como se estivesse arranhando, mas um belo dia, pronto. Já nem incomoda mais.
Nesse caso, temos a ajuda terapêutica do tempo, que com sua sabedoria, calma e precisão, vai transformando aquela dor em lembrança, mesmo que desagradável.
De repente, nos pegamos rindo novamente, leves e fagueiros. Certas dores deixam cicatrizes feias, que machucam durante muito tempo quando tocadas. Outras são tão pequenas e imperceptíveis que nem incomodam.
Pronto: respiramos aliviados, convictos de que estamos imunizados, que aprendemos o suficiente. Ledo engano: ainda não inventaram a vacina contra elas; as dores sempre voltam e nunca são iguais. As causas podem ser até parecidas, mas doem diferente. E, acreditem, sempre estaremos desprevenidos e despreparados para elas.
Enfim, são as dores nossas de cada dia. Vão e voltam, na dinâmica dessa maravilha chamada Vida. Viver dói, mas é bom demais!!!

terça-feira, 24 de abril de 2012

SUA MAJESTADE O SOL

Lá vem o sol despertando no horizonte
Espreguiçando os longos braços luminosos
Seu sorriso já se vê atrás do monte
Derrama vida em seus raios generosos

Lá vem o sol passear em meu jardim
Todo prosa invadir o meu quintal
Beijar as flores com seu amor sem fim
Secar as roupas que balançam no varal

Lá vem o sol anunciando o verão
Tem arco íris colorido lá no céu
É a majestade que comanda a estação

Lá vem o sol brindando a natureza
Astro maior da grande constelação
Sempre garboso em sua realeza
 
(Be Me)

segunda-feira, 23 de abril de 2012

VESTÍGIOS DA PAIXÃO

(By me)


Um raio de sol invade o quarto
E se deita na cama agora desfeita
Entre travesseiros e lençóis de linho
O cheiro do amor exala sorrateiro
As peças de roupas espalhadas no chão
Denunciam a nudez antes explorada
Nas taças de vinho envelhecido
As marcas do batom bordô
Contrastam com as últimas chamas
De uma vela docemente perfumada
O silêncio no recinto vazio
Cala agora os ruídos da noite
Que no auge da sua escuridão
Abrigava os sussurros do cio
Entre as paredes da alcova
Os vestígios da paixão consumada

sábado, 21 de abril de 2012

Seios

 (By Me)

Objetos dos seus devaneios
E de nossa languidez
Paraíso em forma de montes
Fontes de volúpia
E de segredos por descobrir
Em mãos habilidosas estremecem
Na boca gulosa endurecem
Unidos em forma de vale
Por onde o seu tesão navega
Desejo agasalhado
Capricho realizado
E todo o prazer derramado

sexta-feira, 20 de abril de 2012

 (By Me)
 
  Tuas palavras quentes são como carícia
Deixam meus sentidos todos em alerta
Cada letra traz um toque de malícia
O desejo hibernado no corpo desperta

quinta-feira, 19 de abril de 2012


ALMA DE POETA

Suave como a brisa

Leve como o beija flor
Linda alma faceira
Tem a face brejeira
Um sorriso no olhar
Às vezes se veste de dores
Se alimenta de amores
Exala aroma de flores
Tem lampejos de loucura
Quando sente amargura
As palavras endurecem
Retesadas no papel
Com um toque de doçura
É rebelde, caprichosa
Muitas vezes vaidosa
Seu fraco é a insensatez
Na primavera floresce
No inverno costuma hibernar
Na aragem do outono  
Parece se desfolhar
À espera o verão
Uma alma cintilante
Seu coração é amante
De paragem inconstante
Tem as cores da paixão
Seus desejos são latentes
Explodem em letras ardentes
Como as lavas de um vulcão
Uma alma sem idade
É amiga da saudade
E uma aura de bondade
Navega por todos os mares
Frequenta muitos altares
Como se fosse oração
Avessa às forças do mal
Caminha no vendaval
E baila no carnaval
Canta versos de elegia
Disfarçados em fantasia
Embalada em magia
Canta rimas de alegria
Conhece as dores da morte
E os caprichos da sorte
Entende a linguagem dos sonhos
Vive em busca das estrelas
Que brilham no firmamento
Brilha como a luz do sol
Parecendo um girassol
Embelezando o jardim
Alma aventureira
Vez em quando faz besteira
Mas sem medo de errar
Tem candura de criança
Jamais perde a esperança
De um dia ser feliz
Guarda tudo na lembrança
Uma eterna aprendiz
Alma que não mede o tempo
Seu coração é um templo
Que abriga muitos mistérios
Andarilha de tantos caminhos
 Essa alma é um pergaminho
Que somente a poesia
Tem o dom de decifrar


(By me)



quarta-feira, 18 de abril de 2012

Teu olhar é punhal frio
Retalhou minha ilusão
Morreu o sonho no vazio
Se fez deserto o coração




(By Me)

terça-feira, 17 de abril de 2012





UM CAOS ORGANIZADO
COISAS DA BAHIA

(By Me)







Inicialmente Feira do Sete; depois Água de Meninos e após um incêndio na década de 60, tornou-se a feira de São Joaquim.
São Joaquim não é apenas uma das maiores feiras livres da América Latina, caracterizada por um ensurdecedor barulho comercial, um trânsito caótico de vendedores e compradores em meio a muita confusão; é uma forma de sociedade distinta, organizada e rica nos seus aspectos humanos e culturais.

Turistas encantados, um vai-e-vem de pessoas, carrinhos-de-mão repletos de mercadorias, galo, bode, pássaros diversos, barracas com artesanatos pendurados, bancadas carregadas de frutas de diversas cores compõem o rico cenário popular da Feira de São Joaquim. Desde colas que tudo grudam até pós que conquistam a pessoa amada, os produtos da feira encantam e fascinam os visitantes com seu caráter místico e religioso.
Nas ruas com nomes peculiares, tipo rua do côco, da farinha, das cerâmicas, o porto da cana e o largo do quiabo, os visitantes encontram de tudo, desde os produtos de primeira necessidade até as receitas para tirar mau-olhado, limpeza de casa, atrair um amor; contra inveja, para ganhar dinheiro, prender homem mulherengo ou manter potência sexual.
No microssomo de São Joaquim convivem todas as crenças, todas as cores de gente, de diversas profissões, do caminhoneiro ao barraqueiro, passando por ambulantes, cozinheiros, vendedores de lanches, açougueiros e prostitutas; uma infinidade de gente concentrada nas diversas ruas e esquinas da feira. Tem fruta, verdura, tem peixe, carne, tem santo e tem orixá, tem panela de barro e de ferro; tem perfume, tem vestido chique, de chita, tem cordel, tem “causos”, tem história, tem música, tem cesto, tem cesta, tem erva que levanta até defunto, tem pimenta malagueta para alegrar os baianos e aqueles que passam por ali. Tem rádio comunitária, faxinaço e lavação. Tem baiano de verdade, emprestado e até forasteiro. Tem segunda, terça, quarta, quinta, sexta, sábado e domingo... é assim a Feira de São Joaquim, de tudo tem um pouco e todo dia é dia feira.
O ambiente da feira de São Joaquim evoca a colonização do Brasil, cujo processo deu origem a essa gente mestiça, resultante do antagonismo entre ricos e pobres, negros e brancos, patrões, empregados, bairros elegantes e favelas, favorecendo a construção da identidade nacional, particularmente a baiana, com seus problemas sociais, sua cultura, seu folclore. Traz lembranças saudosas do passado, o aconchego de gente simples, seu calor humano. Seu contingente humano é rico e fascinante. Pessoas que sabem cantar e encantar, mesmo com todas as dificuldades que enfrentam diariamente; que fazem da luta uma festa.






segunda-feira, 16 de abril de 2012


PAU DE ARARA
(By Me)

No alto do caminhão
Muitas vidas desmontadas
Sonhos batidos no chão
Esperanças amontoadas
 
A dureza da vida traçada
Em linhas fundas no semblante
O passado vira pó na estrada
Coração de retirante


domingo, 15 de abril de 2012

No calor de uma noite quente
O querer não adormece
Desejo não sai da mente
E o corpo é quem padece

(By me)

sexta-feira, 13 de abril de 2012

LEMBRANÇAS DE ITAPUÃ
(By Me)

Passeio na beira do mar
Água de coco gelada
Esteira pra descansar
Preguiça de não fazer nada

O sol que ardeu se despede
A noite querendo chegar
Uma brisa suave antecede
A lua que já vai brilhar

Tragando cachaça da boa
No violão um argumento
Uma bela canção já ecoa
Brindando aquele momento

Na paisagem de magia
A natureza é irmã
Saudade daquela poesia
De uma tarde em Itapuã



Essa trova foi inspirada na majestosa e imortal composição do inesquecível e inigualável poeta Vinicius de Moraes e seu eterno parceiro Toquinho. (Tarde em Itapuã).

quarta-feira, 11 de abril de 2012

 O DESTINO DA PEDRA
(By Me)

A pedra que estava no caminho
Foi parar dentro do sapato
Porque eu como sempre distraído
Tropecei na danada sem notar
Agora vivo mancando bem torto
Com a maldita doendo no pé
Culpa daquele poeta sem graça
Muito tirado a entendido
Com tanto lugar para por a dita cuja
Acabou jogando no meio da passagem
Já que queria se livrar do encosto
Antes tivesse guardado na garagem
Ou atirado no telhado do vizinho
Pois se assim tivesse feito
Não haveria a tal pedra no caminho

terça-feira, 10 de abril de 2012




NAUFRÁGIO
(By Me)

O barco da ilusão em outro porto ancorou
Nas águas geladas da maré solidão
Meu coração marinheiro afundou

Agora que o dia na praia clareia
No silêncio das águas se pode escutar
Ao longe o lamento de um conto de areia

Nas ondas da tristeza sou navegante
 
O sonho de ser feliz naufragou






domingo, 8 de abril de 2012

INSENSATO CORAÇÃO

(By Me)

Meu coração é vagabundo
Rebelde e sem noção
Vive a toa nesse mundo
Sempre em busca da paixão

Meu coração é sonhador
Foge sempre da razão
Em seu sangue corre o amor
Seu tecido é a emoção

Meu coração é jardineiro
Semeia sonhos e amores
Vive como borralheiro
Sempre coberto de dores

Meu coração é um plebeu
Se alimenta de poesia
Errante como um Orfeu
Entoando sua elegia

Mas  chegará o dia
Que esse menino levado
Sairá dessa agonia
E terá o seu reinado

sexta-feira, 6 de abril de 2012


FELICIDADE

Vi uma estrela cadente
E então fiz um pedido
Eu queria ser feliz
Nesta vida sem sentido

A estrela então parou
Pra poder me perguntar
 O que é felicidade
Por quem vives a suspirar?

Fiquei muda de repente
E não soube responder
A estrela então sorriu
Começou a me dizer

Sentes falta de uma coisa
Que julgas não conhecer
Será ela um  mistério?
Bem mais fácil perceber

Basta olhar ao teu redor
Contemplar a natureza
Olha o céu e as estrelas
Quanto brilho e beleza

E o mar que maravilha
Que tamanha imensidão
Diante dele o pescador
Sente tanta solidão

Olha as flores coloridas
A brotar na primavera
Pros amantes não existe
Uma lembrança mais sincera

A vida é uma dádiva
Jamais perca a esperança
Existe coisa mais serena
Que o sorriso da criança?

Aquela pequena estrela
Me  mostrou  uma verdade
Se quisermos  ser feliz
Basta ter boa vontade.

(By Me)

quarta-feira, 4 de abril de 2012

AMOR MADURO
Artur da Távola

O amor maduro não é menor em intensidade. Ele é apenas silencioso. Não é menor em extensão. É mais definido colorido e poetizado. Não carece de demonstrações: Presenteia com a verdade do sentimento.
Não precisa de presenças exigidas: amplia-se com as ausências significantes.
O amor maduro tem e quer problemas, sim, como tudo. Mas vive dos problemas da felicidade. Problemas da felicidade são formas trabalhosas de construir o bem, o prazer. Problemas da infelicidade não interessam ao amor maduro. Na felicidade está o encontro de peles, o ficar com o gosto da boca e do cheiro do outro - está a compreensão antecipada, a adivinhação, o presente de valor interior, a emoção vivida em conjunto, os discursos silenciosos da percepção, o prazer de conviver, o equilíbrio de carne  e de espírito.
O amor maduro é a valorização do melhor do outro e a relação com a parte salva de cada pessoa. Ele vive do que não morreu, mesmo tendo ficado para depois, vive do que fermentou criando dimensões novas para sentimentos
antigos, jardins abandonados, cheios de sementes.
Ele não pede, tem.
Não reivindica, consegue.
Não percebe, recebe.
Não exige, oferece.
Não pergunta, adivinha.
Existe, para fazer feliz.
O amor maduro cresce na verdade e se esconde a cada auto-ilusão, basta-se com o todo do pouco. Não precisa e nem quer nada do muito. Está relacionado com a vida e por isso mesmo é incompleto, por isso é pleno em cada ninharia por ele transformada em paraíso. É feito de compreensão, música e mistério.
É a forma sublime de ser adulto e a forma adulta de ser sublime e criança. É o sol de outono: nítido, mas doce.
Luminoso, sem ofuscar.
Suave, mas definido.
Discreto, mas certo.  

segunda-feira, 2 de abril de 2012


LEMBRANÇA

(By ME)


TEU CHEIRO EM MEU TRAVESSEIRO

                MARCA INEFÁVEL DE TUA PRESENÇA

            AINDA MORAS EM MIM