PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

AS DORES NOSSAS DE CADA DIA
(By Me)

"O fato de as dores se revezarem torna a vida suportável."
Christian Hebbel


Escrever sobre as dores certamente não é lá algo muito criativo, admito.
Quem se atreve a enveredar nessas dores, provavelmente está doído ou no mínimo, convalescendo. Pois, alguém saudavelmente feliz, não haverá de se lembrar das benditas dores. Sendo assim, falemos.
Shakespeare já dizia que todo mundo é capaz de suportar uma dor, menos quem a sente; fato. Decididamente nós, pobres mortais, não fomos feitos para sentir dor. Taí uma coisa que faz mal, que incomoda e desequilibra. Sentir dor, definitivamente é algo além de nossas tolerâncias. Falo por mim: não sei lidar com a maldita dor. Fico completamente desajustada quando elas resolvem me infernizar.
As dores físicas são um martírio; algumas doem tanto que pedimos para morrer. Graças a Deus, com o avanço cada dia mais eficaz da ciência, a medicina tem feito milagres com relação à produção de drogas que curam e aliviam as dores. Para nossa alegria e tranqüilidade.
Porém meus amigos, existe um outro tipo de dor que com o perdão da palavra, derruba qualquer cristão: são as dores da alma.
Para essas, não há ungüento, quebranto, magia ou alquimia que resolva. Doem, mas doem tanto que não pedimos a morte, já nos sentimos mortos de fato.  Ai, não tem jeito: o forte vira covarde, o vaidoso perde o rebolado, o durão vira menino. Nesse momento, somos todos farinha do mesmo saco.
Dor é dor, aqui, em Paris ou na Cochinchina; e não existe isso de dor maior ou dor menor: dor é dor e pronto. A dor não tem idade, sexo, etnia, nem condição social. É dor para rico e para pobre. E não adianta tentar se prevenir, porque a danada chega sem mandar aviso ou comunicado; chega, se instala, se esparrama e nem Deus sabe até quando ficará. A fulana é voluntariosa: só vai embora quando quer e também não se despede. Por isso, de nada vale tentar abreviá-la ou prolongá-la.
A dor não vem com bula anexa: cada qual sente à sua maneira; cada um tem seu jeito de lidar com ela. E para cada um, existem efeitos colaterais diferentes. Por isso, não existem fórmulas certas, receitas, conselhos ou similares.
A dor é tão subjetiva quanto a natureza humana; em cada um ela age de forma diferente. Assim como cada um sente e reage de forma muito peculiar.  Uns preferem se isolar e chorar suas dores em reclusão; já outros, apelam para a companhia e consolo de outrem. Por isso, não adianta os palpiteiros de plantão tentarem encontrar soluções ou maneiras de encarar e conviver para as dores alheias. 
Dizem que a dor humaniza, mas isso não é regra. Há pessoas que endurecem muito com o passar do tempo, pelas dores sofridas; algumas esquecem tão rápido que nem parece que foi dor. Há ainda aquelas que levam uma vida inteira para esquecer.
Penso que o ideal é deixar que doam até se esgotarem; e choremos, porque as lágrimas aliviam e lavam a alma, além de lubrificar os olhos.
Dor não dura para sempre; chega um dia em que acordamos e percebemos que já não dói tanto assim. Sentimos ainda aquela pontinha de nada, como se estivesse arranhando, mas um belo dia, pronto. Já nem incomoda mais.
Nesse caso, temos a ajuda terapêutica do tempo, que com sua sabedoria, calma e precisão, vai transformando aquela dor em lembrança, mesmo que desagradável.
De repente, nos pegamos rindo novamente, leves e fagueiros. Certas dores deixam cicatrizes feias, que machucam durante muito tempo quando tocadas. Outras são tão pequenas e imperceptíveis que nem incomodam.
Pronto: respiramos aliviados, convictos de que estamos imunizados, que aprendemos o suficiente. Ledo engano: ainda não inventaram a vacina contra elas; as dores sempre voltam e nunca são iguais. As causas podem ser até parecidas, mas doem diferente. E, acreditem, sempre estaremos desprevenidos e despreparados para elas.
Enfim, são as dores nossas de cada dia. Vão e voltam, na dinâmica dessa maravilha chamada Vida. Viver dói, mas é bom demais!!!

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