PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

terça-feira, 28 de junho de 2016

Inércia



INÉRCIA

Na sombra de velhas desculpas
Desbotam sonhos postergados
Travado nos ponteiros da preguiça
O tempo é sempre futuro

Aliciada pelo fel da covardia
A vida é deixada pra depois...

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Sensazioni



SENSAZIONI

Achega-se o inverno
Esfriando os beirais do dia
Num calor que aquece a alma
O pensamento precipita-se
Até você...
O instante se faz poesia

quarta-feira, 15 de junho de 2016

O Abrigo da Poesia



 O ABRIGO DA POESIA

Esse frio que me assalta
Revela-se na vidraça
Embaçada, sem visão

Entre os dedos congelados
Tremem versos acanhados
Numa morna inspiração

Sem perder a teimosia
Busco abrigo na poesia
Pra aquecer a estação