PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

sábado, 28 de fevereiro de 2015

(Gira) Sol

(GIRA) SOL
Um giro no mundo
Gira o dia ao redor
Gira a lua no seio da noite
Gira aurora, segue o arrebol
Gira a vida, vira a cabeça
Gira o ponteiro do sol
Gira o tempo, gira a magia
Gira o canto do rouxinol
Gira o verso, gira a emoção
Gira a poesia em flor,
Girassol.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Manancial de emoções

MANANCIAL DE EMOÇÕES

Do leito de meus olhos brotam rios de saudade...
Manancial de emoções abrigado no peito.
Entre os veios estreitos da alma,
escorrem filetes de teimosia...
Regam o solo da esperança,
irrigam a sede de viver,
alimentam os sonhos de
felicidade.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Rio de cio



RIO DE CIO
 

O desejo sopra na intenção do beijo
Malícia disfarçada sob as vestes do pejo
Sorrateira, a languidez logo se instala

A volúpia entranha-se na pele, espargida
Gemidos entrecortados pela inquietação
Desencadeia-se pelo corpo a força do tesão

           Pelas frinchas escorre a luxúria como um fio
                   No leito das coxas deságua um rio de cio.


terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Faz de conta



FAZ DE CONTA

Vez por outra,
bagunço o vazio
da solidão...
Desenho estrelas,
invento a lua,
enfeito suas paredes
nuas...
Finjo-me de artista,
entro em cena,
entorno as mágoas
no chão.
No palco da tristeza,
abro as cortinas,
pinto e bordo,
improviso um poema.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Sem respostas



SEM RESPOSTAS

E por falar em saudade
Onde anda aquela amizade
Que em nossa alma sorriu

Por que razão se desfez
O laço da cumplicidade
Que sempre nos uniu

Em que instante rompeu
O esteio da  lealdade
Cristalina como um rio

Em que tela desbotou
O tom da delicadeza
Que coloria a tristeza

Por que será que o jardim
Ficou deserto de flor
Sem o perfume do amor

Será que foi tudo ilusão
Arrastada numa erosão
Pelas areias do tempo...

E falando em nostalgia
Você bem que podia
Qualquer hora aparecer

Pra compor uma melodia
Tomar café com poesia
Em meu ninho amanhecer