PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Sem palavras




SEM PALAVRAS

Quisera encontrar palavras tortas
para traduzir ao certo o que sinto
Mas fogem-me os verbetes
Atrevo-me nos versos
quase soltos, quem sabe loucos
Angustiada, insisto...
de teimosia me visto
Tão amuada fico,
mas não desisto
Perdida nas linhas eu brinco
Invento rabiscos que
molham o papel como chuvisco


Nesse vai e vem, rodopio
Arrisco notas em assobio
Melodias etéreas
Abraço o sol,
danço em torno da lua
risco estrelas,
nas calçadas da rua
Numa esquina qualquer
solto sorrisos ao vento
deito lágrimas ao lenço
Já não quero argumento
e por fim me convenço


O sentimento liquefeito
escorre pelos poros e
nos olhos já revela
o que explode lá no peito.












domingo, 21 de abril de 2013

Borboletas no Olhar



BORBOLETAS NO OLHAR


Para levitar nos jardins da existência,
experimente...
Enxergar a beleza na simplicidade
Redescobrir-se a cada amanhecer
Repousar nos braços da paciência
Bailar no compasso do tempo
Alimentar-se da paz do casulo
Perceber-se na metamorfose
Beber no cálice da sabedoria
Desabrochar em essência singular
Pintar-se em tons multicores
Sobrevoar a vida com asas de sonhos
Trazer borboletas no olhar









sábado, 20 de abril de 2013

Plúmbeo

PLÚMBEO

As lágrimas que beiram os olhos,
têm o peso do chumbo
Não escorrem...
Acumulam-se nas bordas,
embaçam a razão

Uma alma macerada jaz
sobre o mármore frio,
em qualquer canto do
interior

Rabiscadas em papel
desbotado,
palavras da esperança que
despediu-se

Ecos de lembranças
atravessam  paredes lúgubres,
como canto gregoriano

Entre as frestas do telhado,
à espreita, seus olhos
gelados
Corvos sorriem...
 


















quarta-feira, 17 de abril de 2013

Rotas




ROTAS

Risco traço
Apresso o passo
Desenho em espiral

Sigo rotas
Esbarro em portas
Angústia imoral

Cruzo espaço
Venço o cansaço
Busco um norte

Salto porteiras
Invado soleiras
Desafio a morte

Tenho a faca e a fome
Meu anseio tem nome
Vomito dores ao vento

Rejeito as metades
Engulo verdades
Perco a rosa dos ventos

Entre o leste e o ocaso
Meu destino ao acaso
Galope na pista do sol

Sem bússola e sem vela
Cavalo sem cela
Apagou-se o farol

Nos arcos do oráculo
Arrebento as algemas
Desintegro-me em poema.