PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

domingo, 7 de abril de 2013

Prenha de Felicidade

Bryan Ferry by Slave to love on Grooveshark
 
 

PRENHA DE FELICIDADE

Porque somos assim...
Eu em ti, tu em mim.
Almas afins, na vastidão do universo,
puros de coração, semeamos amor...
 
 
És senhor de meus desejos,
Poseidon que agita meu mar Egeu.
Teu corpo é pira onde ardem centelhas,
fogo sagrado de Prometeu...

O teu cheiro de colônia genuína,
eriça-me a pele, tatua as ranhuras.
Meus sentidos aceleram-se...
Deixo-me embriagar pelo ópio
alucinante da paixão.
 
Nossos corpos aliciados,
conhecem de cor as trilhas do prazer.
Tateamos sem pressa superfícies arrepiadas,
leitura em braile do verbo querer.

Formas que se encaixam com exatidão,
em verso e reverso, no ato e no amplexo.
Côncavo e convexo, sem nexo ou razão...
 
 Virilhas se ajustam nas coxas enlaçadas.
Sexos devassos, despidos de pudor,
afundam-se tragados, sedentos, suados...

Desejos derrapam num frenesi desvairado...
Fluidos caudalosos jorram esparramados
das entranhas abissais.
 
O resto é silêncio, lá fora não há...
A vida é aqui, melodia profana,
sinfonia de amor em notas obscenas,
acordes lascivos de nossos ais.
 
Na plenitude desse amor,
extasiado, o corpo inteiro sorri.

Sinto-me levitar,
envolta nessa alquimia...
Prenha de felicidade,
inspiro-me e brindo com poesia.




 





2 comentários:

  1. Aceite, por favor, como comentário, esses versos:

    Em coda nem sempre definida
    Ante os aplausos dos interiores
    desnudos os corpos se dobram
    em agradecimento a tão intenso ato...
    Carrego comigo o amor...
    Fruto de dueto uníssono, undíssono, melíssono.

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  2. Eis aí a prenhez que todos nós, independentemente de sexo, gostaríamos de carregar... Uma gestação que, tal qual a outra, é fruto, igualmente, do amor... Porém traz, no seu caso, como fruto, a poesia...

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