PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Desalento



DESALENTO
 Já tive primaveras no olhar,
que enfeitavam paisagens
com aroma de flor.
Hoje trago apenas saudade...
O tempo correu solto
ao largo de minha janela.
O horizonte cada vez mais
distante, parece zombar
de meu desalento.
Sonhos feneceram...
O que restou, reflete como
miragem no deserto
dentro de mim.
A vida se perdeu,
eu não percebi.

domingo, 25 de agosto de 2013

Reinvento-me



REINVENTO-ME

Busco na dor meu alimento...
Rasgo as entranhas
Macero as mágoas
Faço de unguento.
Na essência de Vênus,
Resgato as forças
Alço voos
Nas asas do vento.
Enterro os invernos
No prenúncio da primavera,
floresço.
Reinvento-me...

sábado, 24 de agosto de 2013

Mar morto



MAR MORTO
Mergulhei inteira nesse mar de amor...
Submersa no teu encanto,
nadei sem medo pelas corredeiras da paixão.
Deixei-me arrastar pelo turbilhão dos desejos
até desaguar no deserto de tua ausência.





quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Restos de mim



Restos de mim

Costuro os retalhos de meu amor próprio
dilacerado pela indiferença,
para cobrir minha nudez.
Com o manto puído da dignidade,  
envolvo a alma açoitada
pelos ventos da desilusão.
Junto os restos de tudo
que foi desprezado e
refaço o chão onde
possa me equilibrar.