PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

sábado, 17 de agosto de 2013

Sem Porto


SEM PORTO

Navega meu barco à deriva
Tragado pelas marés de tormenta
Sem remos, sem rumo e sem vela
Singra as águas turbulentas da desilusão

Já não há corrente que leve ao horizonte
Nem esperanças flamejando ao vento
Não há porto onde possa atracar
O futuro distante já se fez temporão

Como um velho capitão do mar
Meus olhos marejam sobre o tombadilho
Ao ver os sonhos bruscamente encalharem
No banco de areia da solidão

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