PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Frisson




FRISSON

Os versos exibiam-se assim,
lascivos...
Lamberam sua timidez.
Metáforas sedutoras,
esfregaram-se em seu corpo,
vencendo as defesas.
Como afagos libidinosos,
palavras quentes queimaram-lhe
a carne trêmula...
Num frisson apoteótico,
uma última rima
invadiu seus meios e
arrematou-lhe um gozo
na estrofe final.

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