PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Reviravolta


REVIRAVOLTA

Ainda lembro do último carnaval...
Rasgou meus sentimentos como se fossem serpentinas,
espalhando meus sonhos como confetes pelo chão.
Abandonou-me no salão, destruiu meu camarim,
fez chorar minha bateria, deixou surdo o tamborim.
Na ressaca de cinzas, embriagada de amargura,
afundei-me na desilusão.
Aliada do tempo, sacudi a poeira e voltei pra folia...
Catei os retalhos e refiz minha fantasia.
Meu amor desfilou em outra passarela,
belo e sorridente, nota dez em harmonia.
Troquei o bloco da saudade,
vi minha escola ganhar na apoteose da felicidade.
Sentada de camarote, lamentei ao lhe ver passar...
Parada no grupo de acesso, sua vida desandou.
Sem brilho e alegorias, pecou na evolução.
Seu samba desafinou, na ala da solidão.






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