PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Desenganos




DESENGANOS


No vazio dessa ausência,
o dia não amanhece.

Nuvens grotescas engolem o sol
e na inquietude do silêncio,
ouve-se um presságio...

E o que antes eram notas
de uma melodia cheia de promessas,
agora pesa em acordes fúnebres no ar...

No vale dos desenganos,
caem por terra ilusões desfiguradas,
 vestidas de amargura...

No mais,
apenas a face Ignóbil da mentira
traz estampada a certeza de que tudo
 foi em vão.


Um comentário:

  1. Esse texto... Demorei a comentá-lo... Cada vez que me propunha a fazê-lo faceava, tal como agora, a tristeza de ver um ser tão belo como a poetiza às voltas com os efeitos da mentira, sentimentos de que tudo foi em vão... Já vivi isso... Passado longo tempo ainda sinto os efeitos nefastos... Entristece-me saber, ao menos poder presumir, que decepções estão ainda a afligir a cara poetiza... Bem... Sempre nos restará o consolo de que NADA É EM VÃO... Se em cero momento aquilo porque lutamos, almejamos, não se concretiza, nos aperfeiçoa nesta luta, torna-nos aprimorados na busca dos nossos anseios.

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