PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

domingo, 29 de setembro de 2013

A insustentável leveza do amor



"Temos amnésia da leveza, pois deduzimos que virá mais e mais no dia seguinte. Não criamos álbuns de nossas gargalhadas, mas recortamos as cenas rancorosas e amargas como se fossem definitivas e esclarecedoras.
Somos algozes da felicidade e, ao mesmo tempo, vítimas da infelicidade.”
(Carpinejar)


 

A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO AMOR
O amor inquietava pela simplicidade e leveza.
Tão puro, cristalino e pleno em sua essência que desestabilizava, porque o seu coração era primitivo e despreparado. Ele só conhecia o amor denso, pesado e egoísta.
Por isso, duvidava, estranhava e desdenhava. Sabia-se amado, mas não era capaz de retribuir, não se permitia desfrutar.
Os dias se passavam e o amor aumentava, se tornava mais intenso, porém sem perder a sutileza; ele não suportava. Sentia falta da angústia, do sofrimento e da dor.
Estava tão cego que a percepção embaçada minava a doçura. Inconscientemente refutava e rejeitava aquele amor, porque na verdade, era bem maior do que ele podia suportar.
Até que um dia ela cansou, chorou e decidiu.  Saiu pela porta, levando apenas o amor na bagagem e partiu.
No meio da nada, ele acordou sentindo o peso da falta do amor.


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