PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Andarilha



ANDARILHA



Sou Andarilha do tempo
Errante navegante
Sem porto e sem cais
Sempre ao sabor do vento

Sem ninho e sem lar
Corro mundo, vivo à toa
Já não tenho pressa
Sigo devagar

Despida de tudo
Visto-me apenas de mim
Ando descalça, pés na terra
Molhados de mar

Não levo bagagem
Nem pago passagem
Caminho à margem
Destino sem fim

O ontem ficou
Amanhã virá ou não
No breu da memória
Esqueci a ilusão

Meu pranto é a chuva
O riso secou
Do todo despedaçado
Recolho os pedaços
Remendos inexatos
Falam por si

Desse peito sem janelas
O amor foi exilado
Vazio de sonhos
Silenciou o coração

Sem rosto e sem nome,
Sou miragem etérea
Não deixo pegadas
Trilho de mãos dadas
Com a solidão.

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