PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

sábado, 18 de outubro de 2014

Primavera morta



PRIMAVERA MORTA

Sem propósito,
nascem os dias assim,
esquálidos...
Afundados num silêncio
amorfo,
pássaros emudeceram.
Tudo o que se ouve,
são ecos das palavras
frias...
Navalha afiada,
retalha lembranças,
eviscera a esperança...
O sol perdeu os seus raios,
nos braços do frio inverno.
Esvaiu-se o aroma,
a vida em coma,
nesse breu sempiterno...
Na aridez da tristeza,
o amor padeceu,
um poema feneceu,
a estação não floresceu.




3 comentários:

  1. Um poema triste. Um findar dos dias em agonia lenta.
    Vamos brindar ao tempo da felicidade e aceitar a diferença entre as estações.
    Será que a mudança não nos oferece um colorido mais maduro e definido???

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  2. Falar de flores mortas, terra trincada faz uma revolução na alma, mas o poeta com arte faz beleza da coisas murchas e mortas e renasce na primeira manhã com o brilho do girassol.
    Abraços

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  3. Gentil amiga !
    Poderá ser triste, mas considero-o
    muito bem conseguido e estruturado.
    Obrigado pela partilha
    Beijo e meu sorriso
    Jorge Brites

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