PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Chegadas



CHEGADAS


Quem gosta mesmo de você,
comemora suas chegadas...
Chegar é ir até o outro sem motivos,
apenas pela vontade de ver, ouvir,
de saber...
Chega-se pela saudade, pelo simples prazer de vir.
Chegadas não são apenas presenças.
Chega-se num telefonema, num email,
numa carta, num presente, num poema...
Chegar é estar junto apesar da distância.
É aquecer, afagar com sorrisos,
abraçar mesmo sem tocar.
É não esquecer...
Chega-se de verdade quando o outro,
mesmo distraído, percebe, acolhe e agradece.
As melhores chegadas são aquelas inesperadas,
mas que transformam o momento
numa amorosa eternidade.


segunda-feira, 28 de julho de 2014

Lua oferenda



LUA OFERENDA

No céu de tua alcova,
erguem-se as ancas
em forma de lua,
nua...
A alvura que reluz num
clarão,
descortina teu desejo
por carne crua...
Arrepios te eriçam os
pelos,
uivos saltam as janelas
pra rua...
O cio agita os instintos,
nessa noite de promessas...
O lobo vai se refestelar,
no regalo do banquete,
sem pressa...

Inverno Passageiro



 INVERNO PASSAGEIRO


Tua indiferença se confunde
com o frio desse inverno.
Chove lá fora...
Lágrimas doloridas
embaçam as vidraças
da alma.
Mas, o que não é pra sempre,
Deus consente...
Em breve,
no canto do rouxinol,
findar-se-á a quimera.
Os olhos voltarão a sorrir,
novos sonhos vão florir...
Por fim, após a longa espera,
deixar-me-ei abraçar,
pelo sol da primavera.


terça-feira, 15 de julho de 2014

Infinito anil



INFINITO ANIL

Pela janela do avião,
os olhos sobrevoam  a imensidão...
O tempo estanca.
De repente,
tudo o que se manifesta é
uma tamanha solidão.
Nessa vastidão anil,
sobre o tapete de algodão,
o horizonte é logo ali...
Pra todo lado há o infinito,
e o céu é mera ilusão.