PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Colubra

 COLUBRA
(By Me)

Serpente astuciosa,
tua língua move-se
 entre minhas coxas...
Em movimentos de concertina,
 enrosca-se em minhas veredas e
suavemente desliza 
para o interior da gruta.
Comprime-se em minhas entranhas, 
insuflada pelo calor abrasador.
Nas paredes do túnel vulcânico, 
arma o bote certeiro...
Em fricções cadenciadas,
destila seu veneno lascivo e
provoca na presa,
espasmos de prazer...





2 comentários:

  1. São, sim, palavras (e outras imagens, e outros signos) de muita inspiração.

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  2. São versos impregnados de irrefutável voluptuosidade. Aceitaria de bom grado fazer de tais veredas meu habitat e viver em tal gruta... Quanto ao veneno...Não sei se realmente seria suficiente para derrotar a Nebulosa da Aranha Vermelha, formada por duas estrelas que moram ali no céu, formado pelo túnel vulcânico...

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