PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

SANTA CAMA


Cama onde faço amor
Cama onde passo a dor
Na cama o corpo relaxa
Na cama tudo se passa

A cama é um lugar sagrado
Recanto de amor e prazer
Nela quase não se fala
Quando há tanto a fazer

Na cama explode a paixão
Entre os travesseiros macios
Amantes perdem a razão
Parecem animais no cio

Cama símbolo da alcova
Pacto de cumplicidade
Nestas horas de prazer
Não há tempo ou idade

A outra faceta da cama
É aquela em que o corpo reclama
Desfalecido de dor

Cama branca de hospital
Cama fria e impessoal
Agonia e lamento
Só inspira sofrimento

Na cama o poeta compõe
Junto ao seio da amada
A noite doce lembrança
No frio da madrugada


Sozinho ou acompanhado
Na saúde ou doença
A cama é um santuário
Não importa nossa crença. 

(Betty Lucchesi)

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