PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

domingo, 18 de dezembro de 2011

 
    COISAS DE ADÉLIA PRADO.....
  
Mulher é desdobrável. Eu sou.

Sofro por causa do meu espírito de colecionador-arqueólogo. Quero pôr o bonito numa caixa com chave para abrir de vez em quando e olhar.

Minha mãe achava estudo a coisa mais fina do mundo.
Não é. A coisa mais fina do mundo é o sentimento.

Não quero faca, nem queijo. Quero a fome.

Um corpo quer outro corpo.
Uma alma quer outra alma e seu corpo.

O que a memória ama, fica eterno.
Te amo com a memória, imperecível.

A vida é muito bonita, basta um beijo
e a delicada engrenagem movimenta-se,
uma necessidade cósmica nos protege.

Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra

Dor não tem nada a ver com amargura.  Acho que tudo que acontece  é feito pra gente aprender cada vez mais,  é pra ensinar a gente a viver. Desdobrável.  Cada dia mais rica de humanidade.

Eu te amo, homem,  amo o teu coração, o que é, a carne de que é feito, amo sua matéria, fauna e flora, seu poder de perecer, as aparas de tuas unhas perdidas nas casas que habitamos, os fios de tua barba. Esmero

Eu ponho o amor no pilão com cinza e grão de roxo e soco. Macero ele, faço dele cataplasma e ponho sobre a ferida.
 


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