PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

domingo, 22 de janeiro de 2012

CORAÇÃO NOTURNO
(Edu Lobo)

Meu coração bate lento
Como se fôsse um pandeiro
Marcando meu sentimento
Retendo meu desespêro
Como notícia do vento
Passando no meu cabelo
Meu coração bate lento
Meu coração bate claro
Como se fosse um martelo
Num rumo sem paralelo
Selando meu desamparo
Numa corrente sem elo
Numa aflição sem reparo
Meu coração bate claro
Meu coração bate quieto
Como se fosse um regato
Vagando pelo deserto
Sangrando no meu retrato
Abrindo meu desacato
Num ferimento coberto
Meu coração bate tão quieto
Meu coração bate negro
Como cantiga sem mote
Como a serpente num bote
Rompendo no meu sossêgo
Lambendo feito chicote
Noturno feito morcêgo
Meu coração bate negro
Lambendo feito chicote
Noturno feito morcêgo
Meu coração bate negro
Lambendo feito chicote
Noturno feito morcêgo
Meu coração bate negro

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