PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

sábado, 25 de fevereiro de 2012



LAMENTO 
Betty Lucchesi


No silêncio da noite sombria
Nesse vazio em forma de breu
Meu coração segue errante
Entoando lamentos, insólito orfeu
  
Sinto pena do amor maltratado
Afogado  em um mar de tormenta
Agonizando de tanta saudade
Que a avidez dessa dor alimenta

 Sinto pena de você
Sempre tão indiferente
Da aridez de teu coração
Pena de sua alma vadia
Encarcerada na solidão

Me dá pena sua mesquinhez
Da verdade que tenta esconder
Pena da sua covardia
Do egoísmo marcado pela estupidez

Sinto pena, muita pena
Dessa pena que você me dá

Sinto pena do medo que brilha no olhar
Da amargura do pranto contido
Da ilusão confiscada pela insensatez
Do amor que se foi sem nunca ter sido

Sinto pena de minh`alma cativa
Embalada nessa elegia
Que de tanto penar amiúde
Sucumbiu na melancolia

Sinto pena do sonho perdido
Arrastado nas asas do vento
Muita pena da vida que manca
No compasso arrastado do tempo

Tenho pena da alegria esquecida
Da tristeza que roubou-me a quimera
Tenho pena de tanto sofrimento
Das mazelas do destino
Que com tanto desatino
Acabou por transformar
A poesia em lamento






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