PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012


 
O ANÚNCIO DO POEMA
 
A minha dor além de mim me espera,
emboscada na curva do caminho;
tem encantos de rosa, sendo o espinho
que meu corpo e minh’alma dilacera;

talvez quando chegar a primavera
a dor invente o amor, pinte um carinho,
transformando o refúgio onde me aninho
no castelo encantado da quimera;

e a dor navega o mar onde navego
por terra e gente, madrugada e noite,
sempre comigo; a minha dor carrego

para animar o mundo que componho
e ver liberto do alçapão da noite
(já feito poema) o pássaro do sonho.
 
(Colombo de Sousa)

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