PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

quinta-feira, 15 de março de 2012

O REVERSO DE UM POEMA

Você foi....
Um belo sonho fagueiro
Um veneno sorrateiro
Uma louca insensatez

Tempestade de agonia
Encharcou-me a fantasia
Acabou meu carnaval

Uma chuva de granizo
Depedrou o meu juízo
Arrancou-me a lucidez

Uma prece violada
Uma crença profanada
Um pecado capital

Um verso mal cantado
Um poema desastrado
Canção que desafinou

  Um rio contaminado
Arrasou o meu arado
Provocando aridez

Um feitiço duvidoso
Um penhasco perigoso
Ilusão que despencou

Um abismo anunciado
Um caminho mal traçado
Pela minha estupidez

 Um trem desgovernado
Um acidente inesperado
A saudade que ficou


(Betty Lucchesi)

Esse é o reverso do poema "Fragmentos de um querer" publicado neste blog.



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