PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

LUA NUA

Only Time by Enya on Grooveshark


LUA NUA

 
Quisera ser uma lua
nua,
toda cheia de amor...
Suavemente esgueirar-me
entre as frestas de tua janela
e deitar em teu leito...

Envolver tua nudez
em afetos,
preencher teus vazios,
fazê-lo esquecer das dores
que a ausência acentua...

Cavalgar em teus sonhos,
afagar-te o peito,
beijar teu sexo
navegar em teu mar...
                     
Espalhar-me em tua
pele crua,
banhar-te com raios
de amor...
Aquecer teus anseios,
espantar a solidão

Lamber-te as feridas,
saciar teus desejos
molhar-te com o
lenitivo do prazer...

Embalar-te em
aconchego,
ninar os teus medos
devolver-te a paz
que o amor traz

Enfim,
quando o sol mandar recados
nos raios da aurora,
recolher-me ao firmamento,
minguar a angústia
de teu coração...

Deixar em teu travesseiro
um cheiro de esperança
como recordação.




Inspirado no poema "Meu Leito" do poeta Dado:





3 comentários:

  1. Caminham pelo mundo caçadores de todas as espécies... São predadores... Alguns caçam animais... Outros, pessoas... Há aqueles que, apedeutos, não pedem licença... Simplesmente adentram, néscios, à poesia... Os caçadores de javali são parte deles... E encontram sempre passagem no espírito colombínico... Indiferentes penduram as presas nas infâmias da razão e do mau vernáculo... Ofuscam a beleza... No encontro do sol com a lua ocorre a eclipse, que escurece de repente o dia, a alma, o mundo... Mas tudo isso ignoram... Os caçadores de javali... E as columbinas não se apercebem... Mas a lua será sempre o consolo, mesmo aquela de origem colombínica... Se não tiver o condão de aplacar a dor, que suas lambidas sirviam, ao menos, para lembrar que ainda existe amor... Quanto mais quando nua... (repostado para corrigir erro de dedo...)



    Read more: Palavras Singulares http://letrasingular.blogspot.com/2013/02/lua-nua-quiseraser-uma-lua-nua.html#ixzz2K4yXiEWl
    Under Creative Commons License: Attribution

    ResponderExcluir
  2. Elizabeth, ao reler este texto o que me veio à mente é que você conseguiu resumir aquilo que todo homem espera de uma mulher de verdade, a mitigação da dor do coração, o alívio da alma, a esperança que se transmite e que, uma vez transmitida, não se apaga... Dizem que nunca morre... Agir com a voluptuosidade que se espera de uma fêmea humana, dotada de sentimentos, desejos, como disse, verdadeira mulher... O poema está perfeito e fico feliz que meu texto tenha lhe servido de inspiração.

    ResponderExcluir
  3. Huuumm! Noto aqui uma declaração escancarada de amor e desejo, sublimada pela beleza dos versos, pela sinceridade intrínseca. Repousa em "quando o sol mandar recados/nos raios da aurora"... rara beleza poética e, em "Deixar em teu travesseiro/um cheiro de esperança/como recordação", a evidência da fêmea que sabe o efeito que provoca, transposta à compassividade que a alma humana implora.

    ResponderExcluir