PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Disritmia




   DISRITMIA   
  Mais um dia nasce,
alheio à minha vontade.
O sol  chegou cedo,
dei por mim, já era tarde...

Pra sonhar,
lamuriar e
também chorar...


O tempo é célere.
A vida segue,
nos passos do vento,
sem impedimentos,
sem argumento,
não pode parar...

A esperança,
agarrada em um fio,
desfila em corda bamba,
entre tantos descaminhos.

A fome é outra,
insaciável...
Nessa agonia,
semeio versos
pra alimentar a
alma vazia.

Quanto à sorte,
segue aqui e acolá,
em passos rasos,
nessa disritmia...


Buscam um norte,
um cais, um forte,

ou talvez quem sabe,
encarem a morte.

2 comentários:

  1. Quando dados ao entendimento entre sentimentos e razão o poeta ou o que dele é emitido, transforma-se em lições pra todas as vidas, e assim a comunicação entre o céu e a terra fica tão fácil que qualquer que seja a intenção da palavra estará sempre voltada a perfeição.
    ...sua leitura é um aprendizado Beth....

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  2. O tempo, a esperança, a fome, a sorte... Conceitos tão distintos que, no entanto, congregas num sentido universal... Eis aí o segredo do poeta... A propriedade de sentir e ver as coisas sempre por um prisma inédito e, através dela, erigir belezas poéticas.... Parabéns pelo texto cara poetiza...

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