PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Rotas




ROTAS

Risco traço
Apresso o passo
Desenho em espiral

Sigo rotas
Esbarro em portas
Angústia imoral

Cruzo espaço
Venço o cansaço
Busco um norte

Salto porteiras
Invado soleiras
Desafio a morte

Tenho a faca e a fome
Meu anseio tem nome
Vomito dores ao vento

Rejeito as metades
Engulo verdades
Perco a rosa dos ventos

Entre o leste e o ocaso
Meu destino ao acaso
Galope na pista do sol

Sem bússola e sem vela
Cavalo sem cela
Apagou-se o farol

Nos arcos do oráculo
Arrebento as algemas
Desintegro-me em poema.


Um comentário:

  1. Belíssima composição cara poetiza! O texto abre infinitas possibilidades interpretativas... Essa abrangência, visão múltipla que se coloca sob um mesmo prisma, é típica de uma mente aberta, caótica, no sentido de que o caos admite praticamente todas as possibilidades. Traduz, em resumo, um amadurecimento que extravasa os limites do convencional... Eu gosto disso... Gosto muito disso!

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