PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Atalhos



ATALHOS

Velhos caminhos levam a lugar nenhum
Paisagens desbotadas permeiam o cansaço
Nada a vislumbrar para além das retinas
As linhas da incerteza reduzem o espaço

Horas se arrastam na morosidade do tempo
No colo da inércia a vida perde a razão
Na ciranda cruel das ilusões subtraídas
Os pés tropeçam, sucumbem sem chão

Traído pela sofreguidão de amar
O ser despedaça-se em frangalhos
Recolhido nas tocas como bicho acuado
Perde-se entre trilhas que margeiam os atalhos.

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