PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

domingo, 23 de março de 2014

Romaria

ROMARIA
Sigo-te entre as trilhas da distância...
Visito teus altares, recito rosários,
recantos de música e poesia.
Nas sendas da memória,
percorro caminhos sagrados,
movida por esse amor,
em fervorosa devoção.
Estás tão inacessível...
Rotas íngremes circundam
o santuário onde te recolheste
de mim.
Perco as horas, esqueço-me do tempo.
E assim, a noite atravessa o dia...
Despida de orgulho, saudade no peito,
acalento os sonhos,  peregrina solitária
no vagão dessa romaria.

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