PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

domingo, 20 de abril de 2014

Epifania



EPIFANIA

Disfarçado nas linhas do sorriso
quase inocente,

um olhar se acomoda
sorrateiramente,
entre
as saliências do corpo...
Intenções veladas,
percorrem partes ocultas,

captam arrepios e sussurros
inaudíveis.
Um turbilhão involuntário,
desencadeia-se...

Força que traga o senso,
acirra instintos,

desequilibra emoções...
Espremidos entre as entranhas,
desejos arrastados
em procela,
afunilam-se nos estreitos...
Desaguados no charco
da volúpia,

revelam-se sem pudor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário