PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

domingo, 28 de junho de 2015

Adágio

ADÁGIO

Posso falar do vento
Que geme na garganta do frio
Posso falar da lua
Roubando os segredos da escuridão
Posso falar dos desejos
Desatino que esfacela a razão
Posso falar das lembranças
Que esgotam as reservas da solidão

Posso falar de tudo...
Do tempo, da lua e do vento
São velhos acordes d´uma melodia
Adágio que desconcerta o silêncio

Só não falo mais de amor
Você jamais entenderia
Foste incapaz de sentir
Deixaste tudo pra trás...

Amanheceste em outros braços
Enquanto meu peito anoitecia

Um comentário:

  1. Beleza de construção/inspiração neste vazio.
    Belo trabalho Beth.
    Abraços e boa semana de inspirações.

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