PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

sábado, 26 de janeiro de 2013

GRÁVIDA DE AMOR


GRÁVIDA DE AMOR
Nas trilhas solitárias
do breu silencioso
a vida descansa...
Ébrios tropeçam
nas ilusões,
os sonhos pedem
passagem...
Violas lamentam
amores perdidos
derramados na voz
dos menestréis.
Debruçados em parapeitos,
olhos molhados fitam
o infinito...
Buscam consolo no
colo das estrelas.
Amantes comungam
no altar das alcovas
juras eternas no
cálice do prazer...
Alheia aos
infortúnios,
a lua inspira-se...
Com as entranhas emprenhadas
pelos anseios errantes,
explode em versos a vate...
Grávida de amor,
a noite pari poesia.

Um comentário:

  1. Rebento fecundado pelo verbo (amar?)
    em entranhas substantivas,
    encantadas com a prosopopeia que atribuis à lua que,
    excitada com as juras que ouve do cálice, mera metonímia
    de quem na verdade é amiga, mira o colo das estrelas em busca
    da metáfora que não sabia ali existir, com os mesmo olhos que,
    hiperbolicamente fitam (e veem) o infinito, embalada pelos sons
    que na forma do teu poema choram os menestréis ao adjetivar o amor,
    sem saberem que os sonhos e ilusões jamais descansam,
    muito menos se obumbram silenciosamente... Os sonhos e ideais gritam,
    na forma de poesia, que em pura sinestesia traduz estesia,
    que tua pena, poetiza, eterniza.
    --------------
    Desculpe poetiza, mas a beleza dos teus versos exigiu que me alongasse em minhas considerações...

    ResponderExcluir