PALAVRAS SINGULARES

São palavras jeitosas, formosas, inteiras.

Sem sentido, sem juízo, sem valor.

Faceiras, brejeiras, até corriqueiras.

Palavras intensas, carentes ou contentes.

Indecentes, inocentes, contingentes.

Trazem riso, pouco siso, alegoria.

Palavras de fé, de magia, de folia.

Fazem chorar, descontrolar e lamuriar.

Falam de amores, de dissabores,

exaltam as dores.

Palavras alegres, cintilantes, efusivas.

Verdadeiras, sorrateiras, benzedeiras.

Palavras que excitam, incitam, ousam sonhar.

Assim como falam, se calam.

Suplicam, replicam, explicam.

Palavras perdidas, inventadas...

De enfeite, deleite, um falsete.

Palavras tão belas, palavras de fera.

São palavras singulares,

São palavras de mim.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

O Vazio sem inspiração



 O VAZIO SEM INSPIRAÇÃO



Eis que ela está,

Silenciosa,

Sobre a mesa...



Uma página

Branca, limpa...

Vazia...



Invade meus olhos

Como nun desafio...

Angustiante...



A alma inquieta

Procura voar...

Busca por ai

Algo que por aqui

Já não há...



Letras emaranhadas

Tentam saltar

Em rabiscos

Teimosos...



Manhã se foi,

E o sol já anuncia

Uma tarde quente

Preguiçosa...



O pensamento

Fatigado

No marasmo nas horas

Abandona-se nos braços

Da espera...



E o pergaminho

Descansa,

Alheio e arredio

Às marcas da inquietude...



Enfim,

Vencida pelo embate

Deito a pena

Antes cintilante,

Na insipidez de marfim...



Talvez mais tarde,

A lua,

Ao despejar seu brilho

Sobre o breu da noite,

Mande de volta

A inspiração

Que se perdeu...

Um comentário:

  1. Ou se escondeu... Na alvura do papel, só a espera dos melhores petiscos, na forma de rabiscos, que não têm hora certa, mas a página, esperta, sabe que seu branco inspiração desperta, e nunca se aperta, permanece alerta pois sabe que assim em hora incerta, ela sai da coberta...

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